Cidade do Vaticano (RV) – Como todas as quartas-feiras, Bento XVI recebeu milhares de fiéis e peregrinos para a Audiência Geral, realizada na Sala Paulo VI.
Em sua catequese, Bento XVI prosseguiu o itinerário do Ano da Fé falando hoje sobre a racionalidade da fé em Deus. Desde o início, disse o Papa, a tradição católica rejeitou o fideísmo, que é a vontade de crer contra a razão.
“Avançamos neste Ano da Fé, acrescentou o Pontífice, levando no coração a esperança de redescobrir a alegria do crer e o entusiasmo de comunicar a todos a verdade da fé.” Esta conduz a descobrir que o encontro com Deus valoriza, aperfeiçoa e eleva o que tem de verdadeiro, bom e belo no homem.
A fé nos permite conhecer a Deus no encontro pessoal, pois Ele se revelou a si mesmo e não se limitou a dar-nos uma informação sobre Ele. Deste modo, abre o coração e a mente humana a horizontes novos, incomensuráveis e infinitos. A fé não é cega, trata de entender e demostrar que é razoável. Por isso, é um impulso para a razão e a ciência, porque abre seus olhos a uma realidade maior, que permite conhecer melhor o verdadeiro ser do homem em sua integridade.
Fe e razão, disse ainda o Papa, necessitam uma da outra, se complementam, não somente para uma compreensão meramente intelectual, mas também para alimentar esperanças verdadeiras na humanidade e orientar as atividades rumo à promoção do bem de todos.
“O testemunho de quem nos precedeu e dedicou sua vida ao Evangelho sempre nos confirma: é razoável crer.”
Ao final da catequese proferida em italiano, Bento XVI fez um resumo da mesma em várias línguas. Em português, disse:
Queridos irmãos e irmãs, no irresistível desejo de verdade que tem o ser humano, a estrada justa a seguir, para a sua plena satisfação no encontro com Deus, passa por uma relação harmoniosa entre fé e razão. Esta é capaz de conhecer com certeza a existência de Deus pela via da criação, mas só a fé pode conhecer «com certeza absoluta e sem erro» as verdades que dizem respeito a Deus. Não se trata aqui de meras informações, mas de verdades que nos falam do encontro de Deus com os homens. Por isso, o conhecimento de Deus é, antes de tudo, experiência de fé; mas não sem a razão. Deus não é absurdo; embora seja sempre um mistério. O mistério não é irracional, mas superabundância de significado: se a razão vê escuro ao fixar o mistério, não é por falta de luz, mas porque há demais. A fé católica é sensata e razoável e tem confiança na razão. Nesta linha de ideias, ela não está contra a ciência; antes, coopera com ela, oferecendo critérios basilares para se promover o bem comum, pedindo-lhe apenas que renuncie às tentativas que, opondo-se ao projeto originário de Deus, possam gerar efeitos que se voltem contra o próprio homem.
De coração, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, com destaque para os grupos de Aracruz, Aparecida de Goiânia e Palmas, confiando as suas famílias e comunidades à Virgem Maria e pedindo-Lhe que nelas se mantenha viva a luz de Deus. Sobre vós e os vossos entes queridos, desça a minha Bênção.
Ao final das saudações, o Papa recordou que a Igreja celebra a memória da Apresentação da Virgem Maria ao Templo, dia dedicado às monjas de clausura.
“Às irmãs chamadas pelo Senhor à vida contemplativa, desejo garantir a minha proximidade especial e a de toda a comunidade eclesial. Ao mesmo tempo, renovo o convite a todos os cristãos para que não deixem faltar aos mosteiros de clausura o necessário apoio espiritual e material. De fato, muito devemos a essas pessoas que se consagram inteiramente à oração pela Igreja e pelo mundo!”
(BF)
Fonte; Radio Vaticana
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