Uma casa se apóia em quatro pilares, uma mesa em quatro pés,
a natureza em quatro estações, o mundo em quatro direções, uma sala em quatro
lados. Quais são os quatro pilares da família?
1-Comunidade de pessoas. O
que faz a família ser uma comunidade, um lar é a convivência, o relacionamento,
a comunicação das pessoas. Cada membro da família precisa estar de bem consigo
mesmo, com os outros familiares, com a comunidade e com Deus. Família é
reciprocidade e complementariedade entre as pessoas, é uma comunidade de vida e
de amor onde se experimenta a conjugalidade, a filiação, a fraternidade, a
sociabilidade.
Por ser comunidade de pessoas
é necessário o diálogo, o perdão, a oração e a ternura entre seus componentes.
A família é o lugar primário de humanização da pessoa, é a primeira sociedade
natural, lugar de relações interpessoais entre o eu - tu formando o
“nós”, isto é, a comunidade de pessoas.
2-Santuário da vida.
A família, fundamentada no consenso e no amor entre um homem e uma mulher pelo
sacramento do matrimonio, é o berço e o ninho da vida. Nela a vida é
transmitida, gerada, nascida, acolhida, cuidada, desenvolvida. Por isso, a
família é “patrimônio na humanidade”. Os pais são colaboradores de Deus e benfeitores
da sociedade. Como santuário de vida a família rejeita o aborto, a eutanásia e
o egoísmo na transmissão da vida. Ela é um tesouro dos povos porque é um
“capital humano” a serviço da vida. Nela a pessoa recebe identidade, dignidade
e personalidade.
Enquanto santuário de vida, a
família protege a “ecologia humana” possibilitando a transmissão da vida e
garantindo a sobrevivência humana. A consangüinidade, o parentesco, a
familiaridade são valores que garantem a dignidade da pessoa e lhe conferem
serenidade. A vida é o bem primário e fundamental que fundamenta todas as
outras instituições e direitos. O direito à vida é inviolável. A vida, porém, é
frágil. Precisa do amparo da família, dos cuidados básicos, do afeto, da
presença e da fé dos pais e irmãos. Na família acontece o “evangelho da vida”.
Pais, filhos, irmãos “são ministros da vida”, da dignidade, inviolabilidade e
sacralidade da vida.
3-Célula da sociedade. A
família educa os cidadãos, ensina as virtudes sociais, promove a aprendizagem
das responsabilidades sociais e da solidariedade. Ela está no centro da vida
social. É titular de direitos próprios e originários. É o lugar primário das
relações interpessoais, é célula vital da sociedade.
A família é a primeira
instituição social, é uma comunidade natural para o bem da sociedade, aliás, é
a primeira sociedade humana. Sem a família as estruturas, as instituições e os
povos se debilitam. Todo sistema social que pretende servir ao bem da sociedade
não pode prescindir da família.
Ela tem prioridade em relação
à sociedade e ao Estado, porque é a condição da existência da pessoa e da
sociedade. Ela precede em importância e valor às funções que a sociedade e o
Estado devem cumprir. Ela encontra sua legitimação na natureza humana e não no
reconhecimento do Estado. A sociedade e o Estado estão para a família. Ela é
célula da sociedade que tem direito a políticas familiares como: emprego,
habilitações, saúde, escola, etc.
5-Igreja domestica. O
sacramento do matrimonio faz dos pais os sacerdotes da família, os primeiros
catequistas, os educadores da fé pelo exemplo e pelo ensino. A família é uma
instituição divina e lugar de salvação e de santificação. É necessário uma
autêntica e profunda espiritualidade conjugal e familiar que se expressa na
oração, na vivência da fé, no engajamento eclesial. Os pais têm o direito e o
dever de transmitir a fé a seus filhos. Eles são mestres, catequistas e
primeiros ministros de seus filhos.
Jesus cresceu em idade,
sabedoria e graça na família de Nazaré. Deus no mais íntimo de seu mistério não
é solidão, mas uma família. O matrimônio é sinal e instrumento do amor de Deus
pela humanidade e a família é imagem da Trindade, uma aliança de pessoas, uma
igreja doméstica.
Dom Orlando
Brades – Arcebispo de
Londrina
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