sexta-feira, 1 de março de 2013

Por que cobrir as imagens na Quaresma?


O sentido profundo desse ato de cobrir as imagens sacras, fundamenta-se no luto pelo sofrimento de Cristo Nosso Senhor, levando os fiéis a refletir, ao contemplar esses objetos sagrados cobertos do roxo, que simboliza a tristeza, a dor e a penitência. O ápice do despojamento ocorre após a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa, quando retiram-se as toalhas do altar. A cruz coberta lembra-nos a humilhação de N. Senhor Jesus Cristo, que teve de ocultar-se para não ser apedrejado pelos judeus, como nos relata o Evangelho segundo São João:

“Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais? (...). Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos. Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu.” (Jo 10, 31-32.39-40)

Antes da reforma litúrgica do Vaticano II era obrigatório cobrir, com véus roxos, todas as cruzes e imagens expostas ao culto na igreja. No Missal Romano de S. Pio V, terminada a missa do Sábado que precedia o Domingo da Paixão (actual V Domingo da Quaresma), vinha esta rubrica: “Antes das Vésperas, cobrem-se as Cruzes e Imagens que haja na igreja. As Cruzes permanecem cobertas até ao fim da adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, e as Imagens até ao Hino dos Anjos (Glória a Deus nas Alturas) no Sábado Santo”. Vê-se que era um costume ligado às duas últimas semanas da Quaresma, através do qual se desejava centrar a atenção dos fiéis no mistério da Paixão do Senhor. Tudo o que pudesse desviá-la, como eram as imagens dos Santos, cobria-se. Donde vinha este costume? Certamente dos começos do segundo milénio ou dos finais do primeiro.

E o que dizem as normas litúrgicas atuais? Uma rubrica inserida no Missal Romano de Paulo VI, depois da Missa do Sábado anterior ao V Domingo da Quaresma, diz: “O costume de cobrir as cruzes e as imagens das igrejas pode conservar-se, conforme o parecer da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao fim da celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-‑Feira Santa; as imagens, até ao começo da Vigília Pascal (cf. Missal Romano actual [edição do altar], p. 206.

A grande diferença entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do Vaticano II) consiste no seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e Imagens era obrigatório (“cobrem-se...”); no segundo deixou de o ser (“pode conservar-se o costume de cobrir...).

Como o nosso consulente pode verificar por si mesmo, consultando o Missal Romano, são-lhe deixadas várias hipóteses: a) pode cobrir as imagens ou não as cobrir; b) se as cobrir, mantém‑nas cobertas desde a tarde do Sábado anterior ao V Domingo da Quaresma, até ao começo da Vigília Pascal (e não até antes do Lava-pés na Missa da Ceia do Senhor, nem tão pouco até Sexta-Feira Santa). A rubrica é clara: “... as imagens permanecem cobertas até ao começo da Vigília Pascal”.
Fonte: paróquia Sta Teresinha

Nenhum comentário:

Postar um comentário