quinta-feira, 11 de abril de 2013

Santa Maria: familiares pedem retirada de circulação de livro de padre


Santa Maria - A Associação de Familiares e Vítimas da Tragédia de Santa Maria estuda encaminhar um pedido formal para que a polícia colha depoimento do padre Lauro Trevisan, autor de um livro sobre o incêndio na boate Kiss responsável por gerar revolta na cidade.
Nesta quarta-feira (10), depois de uma ação extrajudicial por meio da qual a associação pediu o recolhimento de todos os exemplares, Trevisan colocou nas livrarias uma versão modificada da obra Kiss – Uma Porta Para o Céu. A supressão de dois trechos na nova edição não foi o suficiente para aplacar a fúria dos parentes das vítimas. “Pedimos que ele recolhesse o livro. Ele não fez isso e ainda colocou uma nova versão em circulação. Ele está usando a tragédia em benefício próprio, para ganhar dinheiro — afirma o presidente da associação”, Adherbal Alves Ferreira.
No trecho mais polêmico do livro, removido da nova edição, Trevisan narra a chegada das vítimas do incêndio ao Céu, onde Deus comanda uma grande festa: "No auge da balada celestial, o Pai perguntou se alguém queria voltar. Dois ou três disseram que sim e foram encontrados vivos no caminhão frigorífico que transportava os corpos ao Ginásio de Esportes".
A menção feita a jovens vivos dentro do caminhão dos mortos transtornou os pais. Trevisan afirmara, em entrevistas, que havia baseado a obra em relatos de parentes das vítimas. Como as investigações não apontaram que jovens vivos tenham sido trancados nos caminhões frigoríficos, a associação vai procurar a Delegacia de Polícia e solicitar esclarecimentos.
“Estamos avaliando juridicamente essa questão e aguardando a formalização do pedido. Se houver repercussão criminal, podemos chamá-lo”, antecipa o delegado Marcelo Arigony, que comandou a investigação sobre o incêndio na Kiss. 

A nova versão do livro sobre o incêndio, lançada pela editora do próprio Trevisan, tem 2 mil exemplares. Com apenas 77 páginas, custa R$ 20. Os familiares reclamam que, mesmo depois de protestarem e pedirem o recolhimento da obra, foram ignorados por Trevisan. “Ele nunca entrou em contato conosco, nem mesmo por intermédio de um advogado. Editou o novo livro e não nos consultou. É incrível como se nega a sair do pedestal. Podia ao menos ter pedido desculpas. Não entendo como um padre pode ter essa falta de sensibilidade. Não deu bola para nós, como se não existíssemos. É uma falta de respeito”, critica Adherbal.
Fonte: domtotal

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