domingo, 21 de julho de 2013

Reflexão para o XVI Domingo do Tempo Comum


O tema da liturgia deste domingo, por coincidência, nesta ocasião em que o Brasil se prepara para receber o Santo Padre Francisco e milhares de jovens oriundos do mundo inteiro, é a hospitalidade.
Tanto na primeira leitura, que fala da visita de Deus a Abraão e Sara, como no Evangelho, que relata a visita de Jesus Cristo a Lázaro, Marta e Maria, Deus vem a nós como qualquer pessoa e deseja ser acolhido.
A primeira leitura versa sobre a tarefa que temos quando fazemos um ato de caridade, de solidariedade a pessoas desconhecidas. Temos dificuldades porque ignoramos quem é a pessoa, não conhecemos seu modo de ser e de agir e nos sentimos inseguros. Por outro lado, temos a alegria de saber que iremos acolher uma pessoa que, com prazer, vem até nós, que confia em nosso amor, em nossa capacidade de acolher. Nessa ocasião nos lembramos das palavras de Jesus: “Quem acolhe um desses pequeninos, me acolhe e quem me acolhe, acolhe o Pai que me enviou.” Abraão não sabia que acolhia Deus, mas só no final teve consciência de que hospedou e serviu o Deus Altíssimo nas pessoas daqueles três homens. Também nós acolhemos essa juventude estrangeira em nome de Jesus, em nome de Deus. Eles estão vindo para um encontro com o Senhor, além de se encontrarem também com o Vigário desse mesmo Senhor, o Papa, Vigário de Jesus Cristo.
Na primeira leitura, três desconhecidos chegaram à tenda de Abraão em um momento inoportuno. Fazia o maior calor do dia e Abraão fazia sua sesta. Todavia, ao vê-los ao longe, ele se levanta e se dirige aos visitantes e lhes dá as boas-vindas. Faz com que se sintam à vontade, traz água para que lavem os pés e vai tomar outras providências para bem recebê-los. Mais tarde, aparece com uma lauta refeição: pão quentinho, carne assada de novilho, coalhada e leite. O texto não cita, mas certamente tâmaras e outras frutas faziam parte da refeição, além de outras bebidas.
Podemos dizer que, com sua generosidade, Abraão providenciou o máximo que ele podia e ofereceu um autêntico banquete do deserto.
Abraão não se senta, permanece de pé. Ele está disponível para servi-los, chama-os de "meu Senhor". Por outro lado, os visitantes se comportam de modo diferente de outras visitas e perguntam pela dona da casa e demonstram saber seu nome. Ao fazerem alusão à sua esterilidade, promete-lhes um filho no espaço de um ano.
Já o relato da visita de Jesus à família de Betânia traz à nossa reflexão a dimensão espiritual que pode conter uma visita e sua acolhida, como a atual visita do Papa Francisco e dos jovens provenientes do mundo inteiro.
Na preparação da casa para acolher esses hóspedes tão ilustres, certamente as donas de casa e seus colaboradores estiveram e estão muito atarefados para que nada falte aos visitantes e para que todos se sintam muito bem acolhidos.
No Evangelho, Marta age do mesmo modo e reclama da irmã porque se sente só nos afazeres domésticos. Certamente existe no coração dela uma pontinha de ciúmes da irmã que está sentada escutando o Senhor.
Jesus não critica Marta por chamar sua irmã para ajudá-la nos afazeres e nem elogia Maria porque, aparentemente, está desligada, não percebendo o "sufoco" da irmã. Marta é censurada por Jesus porque está "preocupada e agitada por muitas coisas"; está dispersa em meio a tantos afazeres. Maria é elogiada porque está na "escuta da Palavra", de Jesus, a Palavra do Pai.
Por outro lado, Marta deveria ter-se envolvido no trabalho somente após ter escutado a Palavra. Isso faria com que ela buscasse o equilíbrio e não caísse na agitação e no excesso de trabalho.
Certamente, Maria viu a reação da irmã e se levantou, colocou o avental e foi trabalhar. Por sua vez, Marta deixou o avental e foi acalmar-se aos pés de Jesus, quando este a censurou.
A acolhida mais importante é a feita à Palavra de Deus. Ela irá nos ensinar a acolher todas as pessoas. Contudo, seremos mais felizes se estivermos no seguimento de Abraão e de Maria, acolhendo a Palavra nos dois sentidos: tanto em escutar o Senhor, a Palavra encarnada, como em servi-la com nossos préstimos, deixando que ela fale através de nossos gestos, acolhendo o Verbo em nós, para oferecê-lo aos outros, como fez Maria de Nazaré.
Do mesmo modo como Maria de Betânia e como Maria de Nazaré, com serenidade, conservemos tudo no silêncio de nosso coração.
Deixemos de lado o oba oba da viagem de Francisco ao Brasil e prestemos atenção em suas homilias, em seus recados falados e não falados. Do mesmo modo, o jovem hóspede que está em nosso lar, nos traz a presença universal da Igreja, o anúncio do Evangelho feito ao mundo inteiro. Como os cristãos do Livro dos Atos dos Apóstolos, ouçamos com carinho e atenção sua palavra e saibamos que sob o teto de nosso lar está um enviado de Deus.
Fonte: Rádio vaticano

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