Báculo de Dom José Francisco Resende Dias
Arcebispo de Niterói
Símbolo do ofício de Bom Pastor, que guarda e acompanha com solicitude o rebanho que lhe foi confiado pelo Espírito Santo, o Báculo foi usado desde os primeiros séculos do cristianismo, têm-se até notícias de que no século IV ele já era usado por alguns Bispos. Este bastão pastoral deriva do cajado que usavam os viajantes, conta-nos EYGUN:“[Sabe-se que] muito antigamente, os fiéis vinham aos ofícios com seus cajados, pois que os rituais dos primeiros séculos os recomendavam de depositá-lo durante o Evangelho. Ele servia para que os fiéis se apoiassem durante as longas cerimônias, às quais assistia-se de pé.”
Como vemos, o uso do báculo é um muito antigo costume, herdado de toda uma civilização acostumada ao deslocamento per ambulam, e que, portanto, o cajado premunia para longas viagens, ou grandes períodos de tempo em que se deveria permanecer de pé. Paralelamente, no âmbito pastoral, o emprego do báculo se origina na necessidade que tinham os Bispos – geralmente anciãos – de se apoiarem em um bastão durante as viagens apostólicas e as cerimônias litúrgicas; mais tarde, a Igreja acrescentou ao báculo a idéia da autoridade episcopal, assim como, paralelamente, o cetro representa o poder de um monarca.Cumpre ressaltar ainda que, sob o prisma simbólico, o báculo é como que o cajado que usam os pastores, visto que se serve dele aquele que tem a obrigação de assistir e dirigir o rebanho e guardá-lo em aprisco seguro, contra as investidas dos lobos. Este bastão é, do mesmo modo, insígnia da jurisdição do Bispo, assim sendo, o Prelado não o pode usá-lo fora de sua própria diocese (não é território sob sua responsabilidade, portanto, não está em meio a suas ovelhas), e nem mesmo nas Missas dos defuntos, pois que a Igreja Militante não tem jurisdição sobre a Igreja Padecente.
Muito profundo significado sobre o báculo é o que nos ensinou o Beato João Paulo II, em uma Ordenação Episcopal, durante uma viagem sua à África:
“Vós portais, com direito, sobre a cabeça o emblema do chefe, e, na mão, o báculo do pastor. Lembrai-vos que vossa autoridade, segundo Jesus, é aquela do Bom Pastor, que conhece suas ovelhas e está muito atento a cada uma delas; é aquela do Pai que se impõe por seu espírito de amor e de devotamento; é aquela do intendente, pronto para prestar contas a seu mestre; é aquela do ‘ministro’, que está em meio aos seus ‘como aquele que serve’ e que está pronto para dar a sua vida.”
Por fim, concluímos a explicação sobre o báculo, com o belíssimo pensamento do Pe. DURAND, que nos fornece um outro significado desta insígnia:
“Inocêncio III, em sua carta ao primado da Bulgária, diz que o uso do báculo remonta a São Pedro. Sua forma não é menos antiga, os [exemplares] que até hoje se conservaram, são como os báculos de hoje, agudos em sua extremidade inferior, retos ao meio, e dobrados em seu cimo. Esta forma tradicional retraça ao pontífice seus deveres: aguilhoar os preguiçosos, dirigir os fracos e reunir os que erraram pelas veredas do mal.”
Fonte: academicosarautos
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