O Demônio tenta-nos sempre com a mesma tática.
‑ Parte, de ordinário, de uma coisa naturalmente boa. Em seguida deforma-a, exagerando, transformando em outro o objeto inicial da tentação.
Nas tentações de Jesus, o demônio parte da fome (1ª); da Sua missão de Messias que devia ser reconhecida por todos (2ª); e de Ele querer estabelecer um Reino universal (3ª).Para nós, pode partir do cansaço, de qualquer carência natural, da amizade, do cuidado das coisas temporais, etc.
‑ Quando nos quer enganar, não nos leva, em geral, a dizer não a Deus imediatamente, mas a atrasar o nosso sim a Deus, a deixar para depois. Ele sabe que, por sucessivos adiamentos, consegue levar-nos a faltar ao dever.
Nas três tentações a que se submete, Jesus resume todas aquelas que podemos sofrer:
‑ Voltar todas as nossas preocupações para os cuidados materiais da vida. Depois, o prazer é desligado da sua finalidade: ao comer procura o sabor, em vez da alimentação; na sexualidade, o prazer, em vez de o colocar ao serviço da vida, do amor e da família; no desejo de alcançar um fim (mesmo bom) o inimigo leva-nos a não olhar os meios para o conseguir. Um fim bom nunca pode justificar meios que Deus condena.
Na Quaresma, aprendemos a lutar contra as tentações, a renovar nossa vida de filhos de Deus. Preparemo-nos generosamente para uma renovação interior nesta Quaresma, pela fidelidade às promessas do nosso Batismo.
Preparemo-nos também para a luta, o combate espiritual da santificação. «Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.»Todo o bom desportista prepara-se cuidadosamente para a competição, treinando-se e prevenindo-se contra a tática do adversário. Jesus Cristo prepara-Se para este combate singular pela oração e o jejum durante quarenta dias e quarenta noites.
O jejum pode apresentar-se sob diversas formas:
‑ na comida e bebida, com referências à qualidade e à quantidade;
‑ nos olhos e nos ouvidos, quando nos abstemos de coisas más e de outras que, mesmo sendo boas, nos custa passar sem elas, tais como programas de televisão, restringir o uso do carro, mortificar os olhos, a língua nas conversas, restringir o uso da internet, etc.
‑ A mortificação há de ser contínua, como os exercícios do atleta, para o manterem em boa forma.
Recorramos filialmente à ajuda de Nossa Senhora, a fim de alcançarmos a vitória.
DOM ANTONIO CARLOS ROSSI KELLER
BISPO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)
BISPO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)
Fonte: CNBB
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