Auditores são aquelas pessoas convidadas para o Sínodo como ouvintes. Padres, religiosos e leigos. Elas puderam acompanhar as discussões dos bispos e, na primeira fase do encontro, puderam também apresentar suas intervenções na Sala Sinodal e por escrito. Nesta sexta-feira, 26 de outubro, o jornal do Vaticano publica algumas de suas intervenções.
Leia alguns trechos dessas contribuições dos auditores traduzidos, livremente, pelo assessor de imprensa da CNBB que está em Roma.
Padre Jesús Higueras Esteban, pároco de Santa Maria de Caná, em Madri, Espanha, tratou dosentido positivo da paróquia: “Há muitos séculos, a paróquia é o espaço natural no qual é anunciado o Evangelho, mas nos tempos atuais, diante da realidade dos novos movimentos, inspirados pelo Espírito Santo, parece, particularmente na Europa, que a paróquia tenha se tornado a sede daquilo que poderíamos chamar de ‘cristianismo de preceitos’. É necessário afirmar o sentido positivo da paróquia em nossos tempos para realizarmos a nova evangelização e, por isso, na perspectiva de uma pastoral da saúde, podemos recordar alguns aspectos essenciais. Antes de tudo, é indispensável recuperar a ‘seriedade eucarística”, porque, com demasiada frequência, a celebração da santa missa e a adoração eucarística não recebe os devidos cuidados, deixando-as ao arbítrio de uma pretensa criatividade litúrgica que enche de desgosto os nossos fiéis. É tempo de retomar o ‘ars celebrandi’ proposto pelo Magistério da Igreja. Em segundo lugar, a paróquia deve ser o espaço natural no qual os fiéis tenham a possibilidade de viver o sacramento da penitência de modo habitual. É indispensável que nós, os sacerdotes, ofereçamos aos fiéis a possibilidade de encontrar a misericórdia divina, destacando a utilidade da paróquia para a direção espiritual. Além disso, a paróquia é o primeiro lugar no qual as pessoas que são visitadas pela morte e de qualquer tipo de dor sejam acolhidas com afeto e esperança. Em terceiro lugar, devemos perder o medo de construir nas nossas paróquias a comunhão eclesial que existe na Igreja universal. A paróquia é a casa de todos e existe para todos. As dioceses, os movimentos, a vida consagrada e todas as outras realidades eclesiais podem unir seus esforços na paróquia. Devemos ter uma atenção especial com os sacerdotes que, frequentemente, se encontram sozinhos e perplexos diante do mundo e diante de fiéis que colocam em questão a própria identidade deles. Devemos criar espaços nos quais os sacerdotes se sintam amados e acompanhados na sua busca de santidade pessoal. Somos evangelizadores que devemos ser evangelizados e que possamos propor, com alegria, a própria vocação pessoal e cada caminho de santidade na Igreja. Enfim, temos a necessidade de paróquias marianas porque a familiaridade (dimestichezza)com a Mãe de Deus é atraente para o homem que procura a beleza da humanidade redimida”.
Ir. Immacolata Fukasawa, do Japão, é Superiora Geral das Ancelle do Sagrado Coração de Jesus e tratou de quatro desafios para as religiosas: “Eu nasci no Japão, um país não-cristão, e lá eu recebi a graça do batismo e a vocação religiosa. O meu coração está pleno de alegria por crer e anunciar a minha fé em Jesus Cristo. Agora, como religiosa de vida apostólica, de que modo realizarei a nova evangelização? Pensando nessa pergunta me vem à mente os quatro desafios que reafirmamos em nosso Capítulo Geral. Primeiro desafio: deixar que o carisma se torne em nós religiosas, uma paixão, que transforme em abraço compadecido voltado para cada dor e que encoraje à vida. Segundo desafio: viver mais radicalmente a nossa consagração. Terceiro desafio: ser mulheres geradoras de comunhão. Quarto desafio: aproximar dos jovens. Hoje somos chamadas a viver esses desafios da nova evangelização sobre a base da nossa consagração. O modo que temos para superá-los dependerá da novidade e da força com que vamos fazer as coisas. Isto nos exorta a deixar-nos transformar por Deus, de modo a viver com humildade, com paixão e com dinamismo a nossa vocação na Igreja”.
Ewa Kusz, da Polônia, presidente da Conferência Mundial dos Institutos Seculares, entregou à Secretaria do Sínodo um texto sobre a procura de Deus nos encontros de cada dia: “A minha vocação, como aquela de outros membros dos institutos seculares, nos mostra que o mundo é o lugar onde se vive a nossa vocação com toda a sua riqueza, as suas dificuldades, a sua dramaticidade e também as suas feridas. A nossa tarefa de leigos, também de leigos consagrados a Deus, não constituída por uma particular atividade pastoral ou de evangelização. A natureza da nossa vocação consiste em procurar Deus em todos os acontecimentos de uma jornada, em cada encontro com os outros. Se trata, simplesmente, de viver o evangelho no cotidiano. Isto não seria particularmente impressionante nem eficaz para o público em geral. Nem é adaptado para ser amplificado pelos meios de comunicação. Na minha vida, vejo que não é simples porque, muitas vezes, seria mais fácil anunciar Evangelho em alta voz do que vivenciá-lo. No meu trabalho, no ambiente que me circunda, encontro pessoas feridas que têm fome de amor, que guardam ressentimentos ou indiferença diante de Deus. Encontro pessoas que desejam a plenitude, o amor, a beleza e a harmonia procurando em diferentes lugares. Infelizmente, raramente na Igreja. Às vezes, a experiência que essas pessoas têm na Igreja, no encontro que tiveram com ‘pessoas da Igreja’, por diversas razões, foram feridas. Aquilo que eu e outros membros dos institutos seculares podemos fazer por estas pessoas é oferecer a nossa simples presença, abertura para o encontro, ajuda quando é esperada. Por isso, é necessário competência pessoal, oração silenciosa e não por último, a proximidade com a pessoa de Jesus Cristo. Se trata, como síntese, daquilo que o Papa apresentou em sua recente mensagem aos membros dos institutos seculares: “de abraçar, com caridade, as feridas do mundo e da Igreja”. Com o tempo essa atitude traz esperança na vida de uma pessoa que antes, fechada na própria dor, se encontrava diante de um abismo de solidão e desespero, sem conseguir ver uma solução concreta ou encontrava enormes dificuldades a perdoar aqueles que as prejudicaram”.
Ir. Alvaro Antonio Rodriguez Echeverria, Superior Geral dos Irmãos das Escolas Cristãs, tratou do tema: ajudar os jovens a sentirem-se amados: “Pessoalmente, considero que as novas gerações, sem distinção de continentes ou de diferenças culturais, devem ser o campo de ação privilegiado danova evangelização, não como aqueles que recebem passivamente, mas como agentes ativos, recordando a palavra de João Paulo II quando afirmava que os jovens são os melhores apóstolos para os jovens. A presença deles e a palavra deles no Sínodo provavelmente teria nos permitido de ter uma visão mais lungimirante do futuro. Da nossa parte é importante conhecer o mundo deles e realizarmos o esforço de enculturação. Conhecer suas necessidades, suas angústias, suas interrogações, suas aspirações e as suas esperanças e oferecer a eles o Evangelho que é sempre Boa Nova. É importante partir da vida porque os jovens se desinteressam da mensagem cristã na medida em que ela é apresentada ao intelecto deles como ideologia, como algo imposto de fora de modo autoritário ou, dedutivamente, partindo de princípios desvinculados com a vida real. Por isso, a nossa tarefa principal é ajudar cada jovem a sentir-se amado, apreciado, abençoado, importante e necessário para os outros. A nova evangelização para os nossos jovens e para quem os acompanha deve ser chamada a retornar ao Evangelho e a descobrir que o núcleo central da nossa fé é um encontro pessoal com Jesus Cristo que conduz a uma comunidade de discípulos. A nossa missão diante dos jovens é aquela de sermos companheiros na busca, humildes guias que ajudam a descobrir o caminho e dar sentido à vida. Mais do mestres que ensinam do alto ou juízes que julgam e condenam do lado de fora, somos chamados a ser irmãos e irmãs que acompanham numa caminhada interior. Os jovens são uma boa notícia para o mundo, mas devemos nos perguntar como fazer para que a Boa Nova de Jesus seja boa nova para eles. Em uma época como a nossa, na qual os jovens procuram algo a mais e estão abertos à espiritualidade, devemos educar para o encontro com Deus no próprio íntimo, o que irá preencher o vazio existencial e permitirá a eles, como Jesus fez, de ver a realidade, de comoverem-se diante dela e de se engajarem em uma ação transformadora”.
Fonte: CNBB
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