quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Mudança no Código Penal?



A prostituição é a forma mais degradante da escravidão moderna
A Comissão do Senado que estuda a reforma do Código Penal propõe o fim de punições para donos de prostíbulos, com a justificativa de que a medida só serve para que corruptos possam extorquir os donos dessas casas. Além disso a Reforma do Código prevê também a descriminalização do aborto, do uso das drogas, aprovação da eutanásia e outros procedimentos que ferem a moral católica e civilização cristã. A revista “Veja” que circulou no dia 28/10/2012, em matéria de capa, mostra com várias informações dos médicos e pesquisadores que a maconha faz mal sim e que não deve ser liberada de forma alguma.
A informação sobre o fim da punição para os donos de prostíbulos é do jornal “Folha de São Paulo” de 10/4/2012. Se a proposta for  aprovada no Congresso, a mudança abrirá caminho para a regulamentação da “profissão de prostituta”, como acontece na Alemanha e Holanda. Hoje, quem mantém casas de prostituição está sujeito a pena de reclusão de 2 a 5 anos mais multa, embora a prostituição em si não é criminalizada, e nem  regulamentada no país.
O Papa João Paulo II disse que: “A prostituição é a forma mais degradante da escravidão moderna”.
“Em que época foram os homens, mais do que hoje, sensíveis aos direitos e à dignidade da pessoa humana?  Em que época houve mais vozes a protestar contra a opressão, a tomar a defesa dos fracos, a reivindicar a autonomia da pessoa humana, a condenar a exploração do homem pelo homem?  Mas em que setor tal exploração é mais evidente e mais revoltante do que nesse indigno comércio que, com direito, podemos considerar como a forma mais degradante da escravidão moderna e o opróbrio da sociedade?” (L’Osservatore Romano, 13/5/1996).
É muito estranho que o Ministério do Trabalho e Emprego traga em seu site um incentivo ao que chama de “profissionais do sexo”, “profissão de prostituta”, estimulando esta atividade, na medida em que orienta com detalhes “como vive-la bem”.
“Profissional do sexo – Garota de programa, Garoto de programa, Meretriz, Messalina, Michê, Mulher da vida, Prostituta, Puta, Quenga, Rapariga, Trabalhador do sexo, Transexual (profissionais do sexo), Travesti (profissionais do sexo).”
Trata-se de uma atitude que tem tudo a ver com o que dizia o Papa Paulo VI: “soluções fáceis para problemas difíceis”; é mais cômodo e fácil legalizar a prostituição do que arrancá-la da prostituta.
Dizem que a prostituição é a “profissão mais velha do mundo”; mas nunca as civilizações a aceitaram como legal ou profissional, e muito menos como recomendável. A Igreja sempre nos ensinou que a prostituição é pecado grave e grande ofensa à mulher e a Deus; diz o nosso Catecismo que: “A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida assim ao prazer venéreo que dela se obtém. Aquele que paga, peca gravemente contra si mesmo, viola a castidade à qual se comprometeu no seu Batismo e mancha seu corpo, templo do Espírito Santo (1Cor 6,15-20). A prostituição é um flagelo social. Envolve comumente mulheres, mas também homens, crianças ou adolescentes (neste dois últimos casos, ao pecado soma-se um escândalo). Se é sempre gravemente pecaminoso entregar-se á prostituição, a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta.” (§2355)
São Paulo ensina que nosso corpo é templo do Espírito Santo e que a prostituição o profana: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomareis então os membros de Cristo para faze-los membros de uma prostituta?”
Desde o Antigo Testamento a Bíblia condena veementemente a prostituição. Jesus perdoou aquela mulher adúltera, mas ordenou que ela não pecasse mais. A consciência cristã, perante a prostituição, institucionalizada ou não, não pode aceitar esta prática. O cristão detesta o pecado, mas ama o pecador.
“Não prostitua a tua filha para que a terra não se entregue à prostituição e não se encha de crimes”. (Lv 19,29)
A separação entre sexo e amor (amor entendido no sentido conjugal) é algo que Deus não aceita.  O sexo, na medida em que significa entrega corpórea, é a expressão definitiva do amor; por isto deve ser precedido pelo crescimento do amor entre duas pessoas que tendem a se complementar mutuamente no plano espiritual, afetivo e também no plano biológico, corpóreo.  Por isto qualquer relação sexual fora do casamento é inaceitável pela moral católica.
Muito pior ainda é o “comércio do sexo”, a “prostituição”. É uma degradação do ser humano, pois coloca o seu valor mais nobre, o amor, subordinado ao dinheiro e ao comércio da pessoa humana, que assim  se torna mercadoria.
A prostituição é um atentado à dignidade humana. Normalmente se entregam a ela as pessoas mais pobres, desamparadas, e muitas chegam a ter aversão a este tipo de vida; muitas são frustradas e tristes por não ser senão uma “coisa” usada por um desconhecido. Quem gostaria de ter a mãe ou uma irmã nesta vida?
É significativo o famoso testamento de Simone de Beauvoir, escritora francesa: “A prostituta é um bode expiatório: o homem lança sobre ela a sua torpeza e a renega. Quer esteja sob a tutela de um estatuto legal e da vigilância policial, quer trabalhe na clandestinidade, em todo e qualquer caso é tratada como pária… A prostituta não tem os direitos de uma pessoa; nela se encontram simultaneamente todas as imagens da escravatura feminina” (extraído de “Deuxième sexe”).
Escravatura… Sim.  A mulher se vende, deixando-se agenciar pelas leis do dinheiro e pelos interesses de um grande senhor, de tal modo que já se tem falado do “tráfico de mulheres brancas”.
A prostituição da mulher não é apenas um problema de rua, é um problema de civilização e dos valores do espírito.  Uma civilização se degrada se perde o respeito à mulher.  É na mulher que residem as primeiras reservas de energia da sociedade; é a mulher, a mãe,  que forma os princípios do homem.
O Concílio do Vaticano II, observou o seguinte: “Tudo o que ofende a dignidade humana, como as condições infra-humanas de vida… a prostituição, o mercado de mulheres e jovens… e  todas estas práticas e outras semelhantes são dignas de censura.  Enquanto elas degradam a civilização humana, desonram mais os que se comportam desta maneira do que aqueles que padecem tais injúrias.  E contradizem sobremaneira à honra do Criador”  (LG, 27).
O Prof. Hamza Boubakeur, Reitor do Instituto Muçulmano de Paris assim se pronunciou sobre a prostituição: “A prostituição só pode existir e proliferar numa sociedade desajustada, mal organizada, na qual a pessoa humana é despojada do seu valor intrínseco e da sua vocação primordial. A questão, portanto, se coloca nestes termos: “Será favorável ou contrário a uma sociedade o fato de que, por sua péssima organização, suas injustiças e por causa do primado atribuído ao dinheiro, ela dê origem e desenvoltura à prostituição, a ponto de obrigar a mulher a fazer de suas inclinações sexuais naturais um comércio?” (extraído de “Ecclesia”, pp. 32s).
Portanto, o que devemos fazer não é dar incentivo para que a mulher seja uma “profissional do sexo”, como faz o Ministério do Trabalho, mas precisamos promover a mulher, especialmente a pobre e analfabeta, dando-lhe estudo e trabalho digno, e jamais incentivá-la  à prostituição.
Prof. Felipe Aquino

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