quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Os Pecados contra a esperança

Antes do mais, observamos o seguinte; dentre as virtudes teologias, a maior é a caridade, como afirma São Paulo em Cor 13,13. Todavia, o maior dano que alguém possa sofrer, não é o da perda da caridade, mas o da perda da esperança. Com efeito, quem perde o amor, poderá sempre dizer; Senhor meu Deus, tenho o coração cheio de ódio! Mas converte-me, e dá-me o amor!”. Ora tal pessoa já se coloca assim no caminho da recuperação; a sua oração não podia de ser agradável a Deus e de obter atendimento. – Também que perdeu a fé, poderá dizer condicionalmente; “Senhor, se tu existes, dá-me a graça de crer!”. Esta oração condicional não compromete o ateu e dispõe-no a receber o dom da fé, que Deus lhe quer dar. – Mas quem perdeu a esperança, não reza e, se reza, fecha todas as vias de saída do seu problema; corre sério perigo de atolar-se. A oração é o ponto de partida e o sustentáculo para a solução de qualquer problema; todavia, para rezar, é preciso eu a pessoa tenha a esperança de ser acolhido pelo Senhor Deus. Se falta a esperança, falta o dínamo fundamental para a saída.

OS PECADOS QUE SE PODEM COMETER CONTRA A ESPERANÇA SÃO 2:

A)-O desespero, que desconfia das promessas divinas.
B)-A presunção que abusa das mesmas


A)- Desespero
        pode assumir duas formas;
        1.1-Falta de gosto dos bens eternos
Prepondera o interesse pelos bens passageiros. Em última instância, esta situação provém de falta de amor a Deus. Os antigos chamam tal pecado “acedia” ou também “preguiça”; vem a ser torpor ou lerdeza espiritual; o cristão se deixa abater pelo desânimo e não tem nem a coragem de prosseguir a caminhada em demanda da plenitude da vida, como também não tem coragem para recuar. A tradição cristã costumava associar tal estado ao “demônio do meio dia” , este assalta o cristão que, após ter trabalhado a manhã inteira, se sente cansado, mas sabe que ainda lhe resta a outra metade do dia pela frente. São Paulo, compara tal condição à das brasas que parecem apagadas debaixo das cinzas (cf 2Tm 1,6); é preciso então soprar em cima , removendo as cinzas para que o fogo de um santo fervor de novo desperte ao cristão.

        1;2- Falta de confiança na infinita bondade de Deus

O Cristão diz então; “Meus pecados são grandes demais para que Deus os possa perdoar” ou “ Minha fraqueza é tal que Deus não me dará a graça de uma vida e de uma morte cristã”. Tem-se então um pecado contra a esperança e também contra a fé. É grave e perigoso, pois fecha o coração à ação do Espírito Santo, inspirador da conversão dos homens para Deus.

B)A PRESUNÇÃO
A presunção é a atitude de querer possuir a bem-aventurança definitiva e os auxílios de Deus necessários nesta vida, sem levar em conta a fragilidade humana e a total gratuidade do dom de Deus.
É o pecado de quem confia excessivamente nas suas forças naturais ou de quem julga que já mereceu a vida eterna mediante boas obras outrora realizadas. Na raiz destas atitudes está o orgulho, que tende a tornar-se auto-suficiente diante de Deus.
Também peca por presunção a pessoa que adia sua conversão e julga que Deus não permitirá que morra sem os sacramentos. Na verdade o cristão não pode ter certeza de que o Senhor Deus condescenderá com a sua fragilidade na hora da morte, se esse cristão vai sufocando sucessivos apelos da misericórdia divina. Também incorre em presunção aquele que peca conscientemente, contando com a possibilidade de logo se reconciliar com Deus, na verdade, o Senhor não está obrigado a ajudar a quem abusa dos seus dons. Mais: quem se acostuma a pecar voluntariamente, talvez não consiga conceber verdadeiro arrependimento de suas faltas quando quiser voltar para Deus.

É preciso que o cristão traga em si um santo temor de Deus...., temor reverencial e filial. Este não receia tanto ser punido por Deus, mas tem medo de ofender a Deus, que é o primeiro amor e o sumo bem. Os santos tiveram esse temor inspirado pelo amor e especial dom do Espírito Santo. Por isto também o Santos pedem a Deus o dom da perseverança filial e de uma santa morte (que é peculiar graça de Deus ) 
Fonte ;Livro Teologia Moral
          "Mater Ecclesial" - resumo das pág.,53/54

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