Maria é nosso maior exemplo de silêncio. Quando o anjo apareceu e disse que Maria ficaria grávida, ela não imaginava o que aconteceria, mas disse sim ao plano de Deus, em silêncio. Temperança, humildade, equilíbrio, amor, paciência, virtudes presentes em Maria, a Virgem do silêncio. Quem se coloca em oração e reflexão, está na presença de Deus. Numa igreja, é sensível o convite ao silencio. Na liturgia, esta atitude de calar o coração contribui muito para a celebração, pois é o próprio Deus que ali se encontra e nos espera. Na história da Igreja, percebemos que ela passou de uma fase silenciosa, da passividade da assembléia, para uma liturgia mais ativa, mas que não pode se tornar um falatório ou ter excesso de barulho.
O silêncio na celebração não significa passividade. Não quer dizer não cantar, não louvar, não aplaudir e não participar, mas sim ter o respeito e a humildade em viver a celebração, ser parte dela, estar com os ouvidos e o coração mais atentos. Temos deixado a poluição sonora do mundo invadir nossas celebrações. Se até fossem ruídos que fizessem o mistério celebrado se elevar, ajudaria muito, mas percebemos que não tem acontecido assim.
Isso tem atrapalhado o cultivo da intimidade com a oração e com Deus durante a missa. Prova disso, é analisar o silêncio de três maneiras:
— Interiorização: nos leva a reflexão pessoal e comunitária, cria condições e tempo para aprofundar nos conteúdos, assimilar e gostar do que se ouve;
— Escuta: se não há silêncio, não se escuta, não se acolhe a palavra. Ouvir é tão participativo quanto falar. Embora apenas os simples, despojados e humildes saibam ouvir;
— Enriquecimento da comunicação falada: os momentos de pausa, até mesmo o descanso da palavra proclamada ou cantada, enriquecem tanto o que se ouve como o que se vai ouvir.
A ruptura causada pelo silêncio tem um força expressiva de comunicação. A prática do silêncio é alcançada à medida em que nossa fé amadurece e no próprio exercício da vida humana. Para refletirmos melhor sobre essa prática, citamos alguns pontos que demonstram a ausência do silêncio, da humildade e da oração numa celebração:
— Quando não reconhecemos o silêncio como importante e acabamos pensando que ao falar e se movimentar, falamos muito mais, e que o silêncio é como se não participássemos.
— Quando, tanto os que presidem ou o ministério da liturgia quanto a assembléia, queremos que a celebração logo termine e assim ficamos de olho no relógio, lembrando dos compromissos após a celebração.
— Pensar que o povo, sobretudo os jovens e crianças, não gostam do silêncio, e assim o silêncio é preenchido com outras atividades.
— Pensar que o festejar falar, cantar, rir e dançar é o melhor da celebração.
— A falta de um clima silencioso para oração comunitária, muitas vezes dificultada pelos responsáveis pela ação litúrgica.
— A falta de preparação ainda na catequese, no convívio familiar, que acabam influenciando na liturgia.
— A agitação dos responsáveis pela liturgia, que não veem tanta importância naação contemplativa.
— Pensar que em alguns momentos da celebração, existem intervalos como na homilia, apresentação das oferendas.
Acredite, há quem pense assim! Observar estes pontos e procurar mudar algum comportamento é uma forma de ter maior proveito e viver a comunhão com a Igreja e com Deus na celebração. O silêncio não é calar-se, e sim dar espaço para a graça de Deus falar e agir em nós. É bom preparar-se antes de ir às celebrações, para que os “barulhos” externos não tirem o sentido de viver o mistério da fé na celebração. Boa celebração a todos.
Fonte;Matriz de Campinas
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