domingo, 17 de fevereiro de 2013

A arte da oração


2013-02-17 L’Osservatore Romano
«Uma figura que continua a função da intercessão, tão importante na Igreja». Assim o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, imagina o  futuro papel de Bento XVI depois da sua renúncia ao pontificado. Na vigília dos exercícios espirituais que guiará no Vaticano de domingo 17 até sábado 23 de Fevereiro, o purpurado faz votos por que «estes dias de retiro sejam para o Papa um tempo oportuno e sereno vivido quando se prepara para um novo tipo de presença na Igreja». Aquela intercessão – explica na entrevista ao nosso jornal antecipando os conteúdos das suas meditações, nas quais falará de ars orandi e ars credendi à luz da oração nos salmos – é «uma função muito significativa na Igreja. Pensemos no papel dos santos, ou seja, numa presença que reza ininterruptamente pela comunidade eclesial. É um símbolo significativo da tradição bíblica. Pensemos em Moisés que ao rezar no monte intercede pelo seu povo que está a combater». As dezassete meditações que darão ritmo à semana de exercícios espirituais poderão ser baixadas do podcast do site da Rádio Vaticano – www.radiovaticana.va – que transmitirá  todos os dias, às 19h50, a primeira das três reflexões diárias. 
Quais são os motivos que orientaram a sua escolha do tema deste ano? 
A possibilidades e os percursos eram vastos. Considerei que estamos no Ano da fé e que este curso de exercícios foi confiado a um cardeal, mas também a um biblista. Poderia ter percorrido muitos itinerários bíblicos e feito referência a um único texto ou a um fio condutor do Antigo Testamento. Comecei deste ponto. E  depois escolhi o horizonte no qual me sinto mais à vontade, ou seja, o saltério: tema sobre o qual, aliás, já escrevi muitíssimo.
 Portanto, o saltério como livro do encontro?
A este propósito é interessante notar o que disse Dietrich Bonhoeffer, o qual, além de ter comentado o saltério, escreveu um livrete muito bonito sobre a oração dos salmos. À primeira vista é singular – admite – que dentro da Bíblia haja um livro de orações.  Mas não é a Bíblia  a Palavra de Deus? E o que são então as orações? Palavras do homem. E porque estão ali? Isto faz-nos compreender que a oração não é um solilóquio, um monólogo, mas um diálogo. Nos salmos estão as palavras que Deus espera que pronunciemos.
Nicola Gori

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