terça-feira, 17 de setembro de 2013

Apenas uma entidade irá administrar os bens do Vaticano

Na Jornada Mundial da Juventude, Francisco disse claramente aos jornalistas: os escândalos judiciais estão acelerando a reforma das finanças vaticanas. "Eu pensava em me ocupar antes com outras questões, mas não se pode adiar". Assim, agora, no topo da sua agenda, estão fusões entre entidades (Instituto para as Obras de Religião - IOR e Administração do Patrimônio da Sé Apostólica - APSA), menos burocracia, mais transparência. As emergências devem ser resolvidas o mais rápido possível. As próximas decisões de Bergoglio, que em duas semanas irá reunir em Roma o conselho dos oito cardeais-conselheiros, dirão respeito ao IOR, os dicastérios econômicos do Vaticano, os patrimônios da APSA e da Propaganda Fide.
Não para punir este ou aquele purpurado, para ajudar esta ou aquela corja, mas sim para eliminar uma visão "mundana" da Igreja e superar uma concepção "estatal" da fé implícita no entrelaçamento entre Santa Sé e Estado da Cidade do Vaticano, entre burocracia herdada do século XIX e sopro do Espírito.
A comissão de inquérito sobre o IOR, explica o porta-voz papal, padre Federico Lombardi, está avaliando as contas correntes e as operações realizadas durante a gestão do diretor-geral, Cipriani, abalado, juntamente com o seu vice, Tulli (ambos renunciaram imediatamente), pela prisão de Scarano.
A comissão referente é presidida pelo cardeal Raffaele Farina, e o mandato de Francisco é muito amplo: verificar a posição jurídica e as atividades do IOR para permitir "uma melhor harmonização com a missão da Igreja e no contexto mais geral das reformas". Os comissários escolheram como assistentes especialistas de grandes bancos e grupos financeiros que passam os papéis pelo "pente fino".
A Bergoglio será transferida a documentação completa sobre o andamento e os procedimentos do "banco" do outro lado do Tibre, mesmo com a avaliação da sua discutida gestão. A "operação transparência" no IOR também prossegue com a atividade do Promontory Financial Group, em colaboração com a AIF, para o controle, uma por uma, das milhares de contas, das relações com os clientes dos procedimentos em vigor contra a lavagem de dinheiro.
Já teve início o estudo das possíveis reestruturações e da forma que deveria assumir a "caixa-forte" vaticana, em uma possível revisão do seu status. A hipótese mais provável é a fusão entre IOR e APSA, a administração do patrimônio que também tem funções bancárias, ou, melhor, é considerado o "banco central".
Estuda-se a unificação entre a gestão das propriedades imobiliárias da APSA e a gestão, igualmente enorme, da Propaganda Fide. Na APSA, estão de saída os delegados das duas seções, Massimo Boarotto, da "ordinária" (que gere justamente os bens imóveis), e Paolo Mennini, da "extraordinária" (investimentos financeiros e em títulos). Para a substituição de Boarotto a outubro, pensa-se em uma solução interna.
Nada mais será como antes.
Fonte: La Stampa/DT

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