A reflexão desenvolveu-se a partir das leituras da liturgia, tiradas do livro de Jonas (3, 1-10) e do Evangelho de Lucas (10, 38-42). Em particular, referindo-se ao trecho evangélico o Pontífice propôs como modelo a seguir a atitude de Maria, uma das duas mulheres que hospedaram Jesus na sua casa. De facto, Maria parou para escutar e olhar para o Senhor, enquanto Marta, a irmã, continuou a ocupar-se dos afazeres de casa.
«A palavra do Senhor – explicou o Papa – é clara: Maria escolheu a melhor parte, a da oração, da contemplação de Jesus. Na opinião da outra irmã era perda de tempo». Maria parou a contemplar o Senhor como uma menina admirada, «em vez de trabalhar como fazia a outra».
A atitude de Maria é justa porque, frisou o Pontífice, ela «escutava o Senhor e orava com o seu coração». Eis o que «nos quer dizer o Senhor. A primeira tarefa na vida é a oração. Não a oração das palavras como papagaios, mas a oração do coração», através da qual é possível «contemplar o Senhor, escutar o Senhor, pedir ao Senhor. E nós sabemos que a oração faz milagres».
O mesmo ensina o episódio narrado no livro de Jonas: um «teimoso», definiu-o o Santo Padre, porque «não queria fazer o que o Senhor lhe pedia». Só depois que o Senhor o salvou do ventre de uma baleia, recordou o Pontífice, Jonas decidiu-se: «Senhor farei o que tu dizes. E foi para Nínive», anunciando a sua profecia: a cidade seria destruída por Deus se os cidadãos não melhorassem o seu modo de viver. Jonas «era um profeta “profissional” – realçou o bispo de Roma – e dizia: mais quarenta dias e Nínive será destruída. Dizia-o seriamente, com vigor. E os habitantes da cidade assustaram-se e começaram a rezar com as palavras, com o coração e com o corpo. A oração fez o milagre».
Também nesta narração, afirmou o Papa Francisco, «se vê o que Jesus diz a Marta: Maria escolheu a melhor parte. A oração faz milagres, diante dos problemas» que existem no mundo. Mas há também os que o Papa definiu «pessimistas». Estas pessoas «dizem: nada pode ser mudado, a vida é assim. Fazem-me pensar numa triste canção da minha terra que diz: deixemos estar. No inferno encontrar-nos-emos todos».
Certamente, frisou, é uma visão «um pouco pessismista da vida» que nos leva a perguntar: «Por que rezar? Mas deixemos estar, a vida é assim! Vamos em frente. Fazemos o que podemos». Esta é a atitude de Marta, explicou o Pontífice, a qual «trabalhava, mas não rezava». Depois, há o comportamento dos outros, como aquele «teimoso Jonas». Estes são «os justiceiros». Jonas «ia e profetizava; mas no seu coração dizia: merecemos isto, merecemos. Ele profetizava, mas não rezava, não pedia perdão ao Senhor por eles, só os criticava». Eles, realçou o santo Padre, «pensam que são justos». Mas no final, como aconteceu a Jonas revelam-se egoístas.
Jonas, por exemplo, explicou o Papa, quando Deus salvou o povo de Nínive, «irou-se contra o Senhor: mas tu és sempre assim, perdoas sempre!». E «também nós – comentou o Pontífice – quando não rezamos, fechamos a porta ao Senhor» de forma que «ele nada pode fazer. Ao contrário, a oração diante de um problema, de uma situação difícil, de uma calamidade, é abrir a porta ao Senhor, para que venha»: com efeito, ele sabe «reorganizar as situações».
Concluindo o Papa Francisco exortou a pensar em Maria, a irmã de Marta, que «escolheu a melhor parte e nos mostra o caminho, como se abre a porta ao Senhor», ao rei de Nínive «que não era um santo», a todo o povo: «Fazia coisas más. Quando rezaram, jejuaram e abriram a porta ao Senhor, o Senhor realizou o milagre do perdão. Pensemos em Jonas que não rezava, fugia de Deus sempre. Profetizava, era talvez um bom «profissional», podemos dizer hoje, um bom sacerdote que cumpria os seus deveres, mas nunca abria a porta ao Senhor com a oração. Peçamos ao Senhor que nos ajude a escolher sempre a melhor parte».
Fonte: L’Osservatore Romano
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