O beato espanhol José de Anchieta poderá ser canonizado no próximo ano. Foi o que disse em coletiva o arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis, na quarta-feira, 17 de dezembro.
A CNBB e outras instituições brasileiras enviaram recentemente um pedido ao Papa Francisco para que avaliasse a canonização deste santo tão importante em terras brasileiras. “Eu tive a honra e a alegria de receber um telefonema pessoal do Santo Padre para dizer justamente que acolhia positivamente esse pedido”.
“Esse grande missionário merece ser colocado como modelo de seguimento do Evangelho. Ele deixou marcas profundas no início da colonização do Brasil, como também na sua evangelização”, disse o cardeal ao falar que o beato tem muitas características que o favorecem como digno da honra dos altares.
A notícia em favor do catequista e defensor dos indígenas, considerado apóstolo do Brasil, foi recebida com alegria pelo cardeal. A data ainda deverá ser agendada pela Santa Sé, ao que adiantou Dom Damasceno: “Talvez para o próximo ano, quem sabe, esta notícia vai causar muita alegria em todo o Brasil”.
Outro jesuíta no catálogo dos santos
No último dia 13 de dezembro, o Papa Francisco estendeu à Igreja universal o culto litúrgico em honra ao Beato Pedro Fabro, sacerdote professo da Companhia de Jesus, nascido em Le Villaret, Alta Saboia, (França) em 13 de abril de 1506, falecido em Roma em 1º de agosto de 1546, e beatificado por Pio IX em 5 de setembro de 1872.
Amigo de Inácio de Loyola e Francisco Xavier, o novo santo que se considerava “um contemplativo na ação”, teve uma vida breve, apenas 40 anos. Os últimos dez anos, no entanto, foram de intenso serviço apostólico no centro e norte da Itália, na França, na Bélgica, em Portugal e na Alemanha, que começava a se dividir pelo protestantismo nascente, numa época de tensões e mudanças, também no campo das idéias e costumes.
Quem foi José de Anchieta
Padre José de Anchieta nasceu em São Cristóvão da Laguna, em Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha), no dia 19 de março de 1534. Estudou em Coimbra, Portugal, onde ingressou na Companhia de Jesus, em 1551. Anchieta veio para o Brasil, chegando aqui no dia 13 de julho de 1553. Permaneceu alguns meses em Salvador, na Bahia. Já a caminho da Capitania de São Vicente, em São Paulo, visitou pela primeira vez a aldeia de Reritiba, hoje cidade de Anchieta, no Espírito Santo.
Em 25 de janeiro de 1554, ainda noviço jesuíta, esteve presente na fundação da vila de Piratininga, berço da futura metrópole de São Paulo, no atual Pátio do Colégio. Em 1563, como refém dos índios Tamoios, iniciou seu famoso Poema da Virgem, com 5.732 versos latinos, alguns dos quais teriam sido tracejados nas areias da praia de Iperoig, na Baixada Santista.
Anchieta participou da fundação do Rio de Janeiro, ao lado de Estácio de Sá, em 1565. No mesmo ano, foi ordenado sacerdote, em Salvador, na Bahia.
Sua atividade foi intensa e fecunda: professor de latim, catequista, dramaturgo, escritor, poeta, estudioso de fauna e de flora. Foi músico, enfermeiro, construtor de capelas, conselheiro espiritual, pacificador e defensor dos índios.
Superior em diversas comunidades dos jesuítas, foi o sucessor do padre Manuel da Nóbrega como Provincial da Companhia de Jesus no Brasil.
Passou seus últimos anos de vida em Reritiba (ES), onde faleceu em 9 de junho de 1597, com 63 anos de idade, 44 anos de apostolado eficaz, criativo e incansável.
O Apóstolo do Brasil foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em Roma, no dia 22 de junho de 1980.
Carlos Moioli,
Com Portal A12 e Rádio Vaticano
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