A Quaresma ensina-nos como nos
comportar no dia-a-dia, sem a loucura dos excessos, do desperdício e da
ostentação, como rejeitar a avidez, ignorar as provocações da publicidade, que
não cessa de propor novas necessidades falsas. Ensina-nos a satisfazer-nos com
o que é estritamente indispensável e necessário, numa frugalidade digna. Este
tempo oferece a oportunidade através do
jejum, da continência, da limitação dos desejos, dos prazeres e dos gastos
inúteis que tudo isto requer. Para
pensarmos menos em nós mesmos e mais nos outros, demonstrarmos que não somos um
grupo de consumidores composto por indivíduos bulímicos, sem cabeça nem
coração, mas uma sociedade de pessoas sensíveis que no amor reservam um lugar
ao outro e lhe estendem a mão. Onde o outro é o nosso próximo que vive na
privação e na confusão.
A Quaresma ensina-nos a paciência
e a suportação diante de uma privação pequena ou mais grave e, ao mesmo tempo,
a pedir a ajuda e a misericórdia de Deus, com grande confiança na sua Providência,
cheia de solicitude afetuosa. Esta é a Quaresma, segundo a vontade de Cristo. Para
acolher dignamente o tempo quaresmal é preciso, em primeiro lugar, uma
disposição de alegria, de espírito. O jejum e os outros elementos
característicos deste período não devem ser vistos como provas difíceis, como
pesos ou trabalhos forçados que trazem abatimento e aflição. A Quaresma deve
ser considerada um dom precioso de Deus. Esta graça procura livrar-nos do que é
material e vil e de tudo o que tem aspecto de morte; ela quer elevar-nos mais,
até à esfera do espírito que é pleno de saúde e vida. Nela devemos ver a grande
ocasião que nos é oferecida para purificar a nossa alma de todas as paixões,
para libertar o nosso corpo de tudo o que é surpérfluo, nocivo e mortal. nela
devemos ver a nossa grandíssima alegria e regozijo, uma festa verdadeira, o
júbilo.
Fonte: .L'osservatore romano
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