Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Terminada a 2ª semana de trabalhos da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a “nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, já é possível perceber os rumos do caminho da Igreja nos próximos anos. O fruto do trabalho realizado pela Assembleia sinodal será agora traduzido numa mensagem e nas propostas finais, que serão entregues ao Papa; foi ele que convocou o Sínodo para ouvir os bispos e demais participantes sobre o tema em pauta, sobre o qual ele fará, depois, a Exortação pós-sinodal.
Uma primeira constatação é que há uma urgente necessidade de uma nova evangelização, não apenas porque há tantos fatores novos e desafiadores postos à missão da Igreja, mas porque, exatamente, a missão primeira da Igreja é evangelizar e ela deve fazê-lo, proclamando o Evangelho de forma renovada para o mundo mudado. Não podemos pressupor que todos já estejam evangelizados, nem que o mundo inteiro já foi iluminado pela Boa Nova de Cristo. Vamos evangelizar de novo, pois essa é nossa missão; e temos algo de muito precioso para anunciar e compartilhar com os homens do nosso tempo!
A nova evangelização deve levar em conta a diversidade das situações em que se encontram as pessoas em relação à fé cristã: há quem crê e pratica a fé, mas precisa ser estimulado a crescer, a perseverar e a realizar as obras da fé; há quem foi batizado mas nunca foi evangelizado, ou apenas superficialmente, necessitando de um forte anúncio querigmático e de um itinerário de formação e amadurecimento na fé; e há os que estão distantes da fé cristã e da Igreja de Cristo, necessitando do primeiro anúncio e do consequente itinerário de crescimento e amadurecimento na fé cristã. Isso requer uma revisão nos métodos de evangelização e pastoral – uma verdadeira “conversão pastoral”.
Na evangelização, temos que contar sempre com a graça de Deus, que tem a primeira iniciativa e vem ao encontro do homem; por isso, a evangelização não depende tanto de métodos e recursos técnicos em profusão quanto de evangelizadores santos, que tenham uma profunda experiência de Deus e vivam em comunhão com ele. Muitas foram as observações dos padres sinodais sobre a necessidade da boa formação, amor à Igreja e ardor missionário da parte dos evangelizadores. Diversas vezes também foi observado que o exemplo dos santos pode ser de grande ajuda para a nova evangelização: eles foram sempre os evangelizadores mais eficazes ao longo da história, sobretudo em períodos de crise na Igreja. No domingo das missões, dia 21 de outubro, o papa Bento 16 proclamou mais sete santos da Igreja e lembrou a vida e a obra dos santos, como fatos de evangelização.
Lugar de destaque na nova evangelização devem ter a Liturgia, fonte e cume de toda ação da Igreja, especialmente a Eucaristia dominical; o anúncio abundante da Palavra de Deus, com destaque para a homilia e a Catequese; o Sacramento da Penitência deverá ser valorizado mais, assim como as devoções e a religiosidade popular, mediante as quais a fé é cultivada e transmitida. Destacada foi a referência à paróquia, como expressão concreta e indispensável da comunidade de fé, espaço para a evangelização, as manifestações da vida eclesial e da comunhão na mesma fé, esperança e caridade. As pequenas comunidades, nas suas múltiplas formas, foram apontadas como importantes expressões de vida eclesial e lugares para o cultivo e a transmissão eficaz da fé cristã.
O Sínodo trata com sereno realismo da atual situação da transmissão da fé, mas também com esperança; o primeiro interessado no anúncio da Boa Nova é sempre o Espírito Santo, que também vai indicando à Igreja os modos como ela o deve fazer sempre de novo. Mais do que nunca, devemos ouvir hoje o que o Espírito diz à Igreja (cf Ap 2,29
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