Jamais devemos estar satisfeitos com o que já alcançamos, com o bem que já realizamos; pelo contrário, é preciso libertar-se da tirania do “sempre foi assim”. Seria acariciar vícios e hábitos antigos. O que sempre fizemos “desse jeito”, a partir de hoje, podemos começar a fazer diferente e melhor. Seria trágico contaminar-se pelo vírus da síndrome da ação adiada. Adiar uma ação nova é colocar-se na contramão do crescimento, do amadurecimento, da perfeição. Fazer melhor o que habitualmente fazemos é “fazer novas todas as coisas” (cf. Ap 21, 5).
Portanto, não podemos compactuar com a mediocridade e o comodismo. Não podemos concordar com milhares de pessoas em busca de uma felicidade que, ao invés de causar alegria e paz interior, aumenta a insegurança, a insatisfação e a perda do sentido da vida. Eis a razão da luta contra a corrente avassaladora do mundo incapaz de preencher o vazio do coração humano. Há que se ousar a romper os padrões estabelecidos e avançar para metas mais elevadas, capazes de realizar os sonhos da verdadeira felicidade proposta por Deus.
Se a felicidade que o mundo oferece não realiza plenamente a pessoa humana, por que não buscá-la onde ela mora? Na verdade, quem busca realizar-se plenamente, precisa ir além de si mesmo, precisa identificar-se com a causa de Cristo, única via para se conseguir aquele algo mais do que já se é ou ainda não. Com efeito, “a pessoa plasmada pelo amor de Deus sabe o fim para o qual foi criada e vive uma relação ordenada com as coisas, livre para escolher direcionar sua vida e todo o seu afeto e criatividade a esse fim. Ela não somente escolhe aquilo que conduz para lá; escolhe e deseja somente o que mais a conduz a sonhar com Jesus pela causa do Reino e a trabalhar com ele para fazer o seu sonho concretizar-se na história” (Itaici – Revista de Espiritualidade Inaciana, n. 92, julho/2013, Editorial, pág. 3).
Se há algo que todos perseguem com tenacidade é ser feliz. O que é a felicidade? É algo que ainda não possuímos em plenitude. Sabemos ser feliz?
Não são os “ídolos passageiros” que fazem o coração humano feliz, mas o bem que perdura para além do espaço e do tempo. Apressa-se o mundo a fazer-nos propostas de felicidade, como ofereceu a Cristo nas tentações do deserto (cf. Lc 6, 20-26). Oculta-se nesta oferta a louca pretensão de felicidade, que deixa o coração humano vazio e o escraviza ao domínio do puramente terreno. O mundo com seus critérios de valores não entende a linguagem divina da felicidade que não termina. Programa tão paradoxal só entendem os que estão dispostos a seguir o caminho oposto, da felicidade nova. Em vez de bens que o tempo leva, preferem tesouros que nem ladrões cobiçam nem a traça corrói (cf. Mt 6, 19-20).Deus quer comunicar sua felicidade a nós, a fim de que possamos transmitir aos outros a experiência que fazemos da felicidade de Deus em nossa vida. Sejamos mensageiros da Mensagem mais feliz do Evangelho.
Dom Nelson Westrupp
Bispo de Santo André (SP)
Bispo de Santo André (SP)
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