Dia 06 de agosto a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor.
Pedro, Tiago e João experimentam algo fascinante, maravilhoso: veem o Senhor transfigurar-se diante de seus olhos, veem-no em todo seu esplendor, percebem a intensa luz que irradia de todo o seu ser, sua Glória, e embora esta intensíssima e tremenda experiência os assuste, maior é a alegria extraordinária que inunda o coração dos apóstolos: «Mestre, bom é estarmos aqui; façamos três tendas.», é como dizer: “Fiquemos aqui para sempre! Queremos que esta felicidade intensa nunca passe!”
Às vezes acontece algo parecido em nosso próprio peregrinar de fé: Deus nos concede em um momento oportuno uma experiência espiritual intensa que gostaríamos que se prolongasse para sempre, que nunca acabasse. Entretanto, experiências como essas não duram para sempre, e às vezes duram só um instante. E assim, logo depois de “ver brilhar a glória do Senhor”, como os Apóstolos, devem “descer do monte”, voltar para a vida cotidiana, à luta às vezes tediosa, à rotina absorvente de cada dia, a suportar fadigas, tentações, dificuldades, provas, adversidades, etc.
Quantos, logo depois de experimentar momentos tão intensos se desalentam na batalha! Quantos pensam em abandonar a luta e jogar para longe de si a cruz que implica a vida cristã porque “já não sentem nada”, porque o caminho se faz encosta acima e “não pensei que me custaria tanto”, porque “já não posso mais”.
E onde ficaram aquelas experiências intensas que o Senhor lhes deu de presente? Foram acaso tão somente uma ilusão e fantasia de momento, uma auto-sugestão, quer dizer, uma mentira?
Como é importante valorizar e entesourar aquelas experiências que Deus nos dá de presente em algum momento da vida, experiências às vezes muito intensas, outras muito suaves e singelas, para não sucumbir diante das provas e cruzes que encontraremos no caminho, para não nos deixarmos seduzir pelas miragens que em momentos de deserto espiritual nos convidam a abandonar o caminho do Senhor, o caminho que pela cruz conduz à glória, sugerido-nos “voltar para o Egito”, quer dizer, optar por uma vida mais fácil, mais cômoda e prazenteira, mais “light”, mais ajustada a nossa mediocridade!
Como a transfiguração para os Apóstolos, as experiências intensas que em um momento de nossa vida inundam nosso espírito de uma paz e uma alegria profundas são um presente de Deus para nosso peregrinar, uma tênue antecipação do que Deus nos promete se perseverarmos no caminho que Jesus nos ensina, um firme estímulo para lutar dia a dia pelo que gostamos brevemente mas que ainda nos falta conquistar, aquilo que «os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.» (1Cor 2, 9). Esses momentos de luz têm que permanecer sempre em nossa cordial memória para nos alentar em todas as nossas lutas, para alimentar nossa esperança e nos sustentar dia a dia na fiel perseverança até o fim.
Assim, pois, nos momentos de prova, nos momentos em que o céu nos pareça nublado, quando a escuridão pareça cobri-lo totalmente e as espessas trevas da dor inundarem sua mente e coração, lembre-se dos momentos de luz, momentos em que o Senhor se mostrou em sua vida com suma claridade. Estas experiências são como o sol: não podemos duvidar de sua existência embora por momentos as nuvens densas o ocultem, e assim, embora não o vejamos por dias, semanas, meses, sabemos que está sempre ali, que está detrás das nuvens ou das tormentas que se interpõem momentaneamente. Quando você passar por esses momentos duros e difíceis, não se desespere: abrace a Cruz do Senhor, reze intensamente e espere com paciência o novo nascimento do Sol, o triunfo do Senhor em sua vida.
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